26 de janeiro de 2012

Cem anos de solidão, Gabriel García Márquez

Em Cem anos de solidão, Gabriel Garcia Márquez narra a incrível e triste história dos Buendía - a estirpe dos solitários para a qual não será dada uma segunda oportunidade sobre a terra. O livro também pode ser entendido como uma autêntica enciclopédia do imaginário. Prémio Nobel da Literatura em 1982, é actualmente considerada uma das obras mais importantes da literatura Latino-Americana. Esta obra tem a peculiaridade de ser umas das mais lidas e traduzidas de todo o mundo. Durante o IV Congresso Internacional da Língua Espanhola, realizado em Cartagena, na Colômbia, em Março de 2007, Cem anos de solidão foi considerada a segunda obra mais importante de toda a literatura hispânica, ficando apenas atrás de Dom Quixote de la Mancha.

Primeiro de tudo, eu preciso dizer que eu tinha feito uma resenha linda. Linda mesmo. Tudo o que eu senti ao ler o livro tinha virado palavras. E aí eu perdi. Então, escrevendo pela segunda vez... É difícil começar a falar de um livro que você amou muito e que se tornou um dos seus favoritos. “Cem anos de solidão” foi um desses.

Na minha edição tem uma árvore genealógica, que é bem importante para entender, porque a maioria dos personagens tem nomes muito parecidos. Mas, como diz o cara que me vendeu o livro, o legal é se perder na história, se deixar levar. O Gabriel García Marquez é genial e, nesse livro incrível – que eu já considero um clássicol, é – ele nos conta a história de uma família (ou, como ele mesmo diz, uma estirpe), os Buendía.

Macondo é uma vila no pântano de lugar-nenhum, cercada por nada – ou pelo menos é o que se pensa no começo do livro. De tempos em tempos, uma família de ciganos passa por lá, levando invenções e progressos feitos no mundo. José Arcadio Buendía e Ursula Iguarán são dois dos fundadores e pais de Heathcliff José Arcadio e Aureliano Buendía. O preterido, José Arcadio vai embora com os ciganos, enquanto Aureliano torna-se um general, ganha trinta e duas guerras e tem dezessete filhos com dezessete mulheres diferentes. E assim o livro segue, contando a história da família.

Só que os Buendía se estendem por cem anos, então Macondo é o palco para diversas tramas do primeiro ao último da estirpe, todas marcantes, lindas e com um final meio (ou, às vezes, totalmente) triste. Dessas, a que mais me marcou foi a de José Arcadio e Rebeca. Pouco depois que José Arcadio vai com os ciganos, Rebeca aparece à porta dos Buendía, com uma carta de caligrafia familiar pedindo para que cuidassem dela, que cresce então como filha de Ursula. Depois, José Arcadio volta para casa como um perfeito aventureiro, e os dois apaixonam-se. Quer dizer, como diz em certo trecho do livro, “[...] e rogavam que uma paixão tão desnaturada não fosse perturbar os mortos”.

É que, falando sério, a história deles é “O Morro dos ventos uivantes” demais para eu agüentar. O meu coração transborda só de pensar. Quero dizer, ele vai embora com ciganos; ela é adotada pelos Buendía, como Heathcliff foi pelos Earnshaw; e os dois, praticamente irmãos, acabam em um amor violento. Não vou falar mais ainda deles ou colocar milhares de quotes porque a paixão deles basicamente estende-se por três páginas, e eu amo cada linha dessas páginas.

Todas as histórias que contam em “Cem anos de solidão” são interligadas e o final é surpreendente. Dá para entender porque o Gabriel García Márquez ganhou o prêmio Nobel: o cara é genial. O livro é simplesmente maravilhoso, parece um redemoinho, e você não consegue largar dele nem por um instante. Tem quase quinhentas páginas e eu li em um dia, arrastada para dentro da história, sem querer parar. É simplesmente lindo.

E desculpem pela resenha meia-boca; eu juro que a primeira tinha ficado bem legal. Mas, para resumir, o livro é incrível, o Gabriel é incrível, e leiam. Sei lá, ela toda mexeu com o meu inconsciente de um jeito maluco. Tem tudo o que você imagina, e posto de um modo maduro e muito bem escrito: incesto (eu sei, mas eu amo), personagens fortes, homens estilo Walter Scott, guerras, paixões violentas, famílias complicadas, fantasmas e outras “superstições”, e até mesmo umas cenas mais... Bom.

Leiam, leiam, leiam *-*

Apenas Rebeca sucumbiu ao primeiro impacto. Na tarde em que o viu passar diante de seu dormitório pensou que Pietro Crespi era um janotinha melindroso perto daquele protomacho cuja respiração vulcânica era percebida na casa inteira. Buscava sua proximidade com qualquer pretexto. Em certa ocasião José Arcadio olhou para seu corpo com uma atenção descarada, e disse a ela: “Você é mulher demais, irmãzinha.” Rebeca perdeu o domínio de si mesma. [...] Passou noites em vela tirintando de febre, lutando contra o delírio, esperando até que a casa trepidasse com o regresso de José Arcadio ao amanhecer. Uma tarde, quando todos faziam a sesta, não resistiu mais e foi até o quarto dele.
Nota: ★★★★★
Páginas: 448
Editora: Record

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